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05/05/2020O desgaste emocional, o estresse e o agravamento da situação financeira causados pela reclusão decorrente da pandemia do coronavírus, podem favorecer o crescimento de outro grave problema social: a violência contra a mulher, que pode ser física, psicológica, moral, sexual ou patrimonial. Em Joinville, embora os registros da Delegacia Civil do Estado de Santa Catarina apontem queda de denúncias, desde o mês de janeiro, autoridades e especialistas do setor acreditam que os números não reflitam a realidade.
“Houve diminuição de casos em Joinville, mas isso não quer dizer que diminuiu a violência doméstica. O que ocorre é que o isolamento social, a falta de transporte, a falta de acesso à internet e a presença do homem em casa dificultam a denúncia”, analisa a delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI), Georgia Bastos. De acordo com a Polícia Civil de Santa Catarina, em janeiro, Joinville teve 364 denúncias de violência contra a mulher; em fevereiro, foram 338; em março, período mais severo do isolamento social, houve 317; e no mês de abril, foram 327 registros, até o dia 28.
Para a delegada Georgia Bastos, um dado interessante observado, é o crescimento do meio eletrônico para a realização de registros de boletins de ocorrência: “Hoje, 43,5% das denúncias são feitas pela Delegacia Virtual da Polícia Civil, onde é possível fazer o boletim eletrônico 24 horas por dia. Antes da pandemia, esse número era baixo em relação a denúncia de violência doméstica”. De acordo com a delegada, a ampliação do uso do meio eletrônico é resultado do trabalho da Polícia Civil que tem usado as redes sociais como principal ferramenta de alcance e comunicação com a mulher vítima de violência, incentivando-a a denunciar e buscar ajuda junto aos órgãos competentes.
A preocupação com o aumento da violência contra a mulher durante o confinamento, também é compartilhada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Joinville (CMDM). “Analisar apenas os números é complicado. Às vezes, pessoas da própria família são coniventes e evitam que a mulher agredida tome liberdade de fazer a denúncia”, afirma a presidente do CMDM, Quélen Beatriz Mankse.
Melhor forma de defesa é a denúncia
Embora o período de isolamento social possa favorecer a violência e dificultar o acesso a alguns canais de denúncia, é preciso que a vítima busque meios alternativos ou que peça ajuda às pessoas próximas. Quélen orienta: “É importante que a vítima combine com amigos e familiares, crie metodologias, uma forma simbólica de demonstrar para os vizinhos que ela está sofrendo e para que eles possam buscar ajuda, sem se identificar. Sabemos que na prática é difícil, mas sem um pedido ou um movimento, também não conseguimos ajudar”.
Conheça quais os principais canais de denúncia para casos de violência contra a mulher, em Joinville:
. Delegacia da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) – Rua Dr. Plácido Olímpio de Oliveira, 843 – bairro Bucarein. Atendimento de segunda a sexta-feira, das 12h às 19h.
. Central de Boletim de Ocorrências de Joinville – Rua Prefeito Helmuth Fallgater, 215 – bairro Boa Vista (anexo à Central de Plantão Policial e ao Instituo Geral de Perícias – IGP). Atendimento 24h.
. Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher. Registra denúncias de violações, encaminha aos órgãos competentes, dissemina informações sobre direitos da mulher, amparo legal e rede de atendimento.
. Ligue 181 – Polícia Civil de Santa Catarina
. Ligue 190 – Acione a Polícia Militar de Santa Catarina Peça ajuda pelo telefone 190. Nesse caso, uma viatura da Polícia Militar é enviada até o local.
. App PMSC Cidadão – O aplicativo está disponível para sistemas operacionais Android e iOS, e contém o serviço Rede Catarina de Proteção à Mulher.
. Disque 100 – Disque Direitos Humanos. Atende todas as situações de violações que ocorreram ou ainda ocorrem, até flagrantes.
. Whatsapp da Polícia Civil: (48) 98844-0011
. Delegacia Virtual da Polícia Civil: É possível registrar boletim de ocorrência pelo site https://delegaciavirtual.sc.gov.br