Apesar da crise, construção civil em alta
25/11/2020Por mais dias para doar
30/11/2020Três apresentações exclusivas ao vivo – direto dos Estados Unidos, da Argentina e do Chile –, seis concertos e espetáculos realizados em Joinville, mas sem presença de público, transmitidos pelas redes sociais, e dois shows em sistema drive-in. Para completar, dois workshops e um curso, oportunizando aos músicos locais o contato com mestres do instrumento, sem custos. É o Pianístico 2020, terceira edição do festival que pretende transformar Joinville em ponto de referência na cultura do piano. A programação, de quinta, 3, a domingo, 6 de dezembro, poderá ser acompanhada pelo YouTube ou pela página do evento no Facebook. Idealizado em modelo misto, com parte aberta ao público, no teatro, seguindo as limitações vigentes para esse tipo de evento, o Pianístico irá se concentrar no digital – apenas o drive-in e as atividades de formação serão presenciais. A mudança, anunciada há poucos dias, deve-se ao aumento dos casos de coronavírus em Santa Catarina, nas últimas semanas.
A abertura do festival será no dia 3, às 20h, em noite dedicada à música brasileira e à magia de uma carreira de 49 anos de um memorável trio de músicos geniais. “Tributo ao Zimbo Trio”, com Amilton Godoy, fundador do grupo, traz alguns emblemas dessa inesquecível trajetória, como o primeiro arranjo do Zimbo feito para “Garota de Ipanema” e o hino brasileiro “Aquarela do Brasil”. E, para relembrar os LPs do Trio com orquestra, uma faixa registra Johann Sebastian Bach. Durante a trajetória de 49 anos na ativa, o grupo gravou 51 discos, entre LPs, EPs e CDs, editados em 22 países.
A montagem de um espaço de drive-in, no 4º piso do estacionamento do Shopping Mueller, no Centro da cidade, é um dos diferenciais desta edição: o pianista norte-americano Jeff Gardner se apresenta em Joinville com seu trio. O show, às 19h do dia 4, marca a estreia do novo trio de Gardner, com o baterista Carlos Bala e o jovem e virtuose baixista Michael Pipoquinha. O repertório autoral é baseado nas composições do Jeff, em ritmo de samba, choro, baião, bossa, afro jazz e gospel. Na sequência, o público poderá assistir mais um espetáculo, de dentro do carro, com o pianista gaúcho Luciano Leães, com repertório de blues. Haverá espaço para até 70 veículos, com três passageiros cada.
Uma das principais atrações internacionais do festival, neste ano, é a pianista Mūza Rubackytė, da Lituânia, que faz seu concerto no sábado, 5, às 21h. Frequentemente convidada para os principais palcos mundiais, da França à Rússia, de Pequim a Tóquio, Mūza estudou piano no Tchaikovsky Conservatory, de Moscou, e já atuou com os mais renomados maestros. Também é regularmente convidada para membro de júri de importantes competições internacionais e tem discografia com mais de 30 títulos. Para o concerto em Joinville, seu programa traz a Sonata em Mi Menor de Leopold Godowsky, em cinco movimentos, e duas peças de Frederic Chopin: Fantasia opus 49 e Sonata no 2 (Marcha Fúnebre).
Ainda entre os destaques da programação, chama atenção o talento precoce de Olívia Tebaldi, de Vitória (ES). A menina, de 9 anos, começou a estudar piano aos 4. Aos 6, já participava de concursos de piano, no Brasil e, mais recentemente, no exterior. Ela se apresenta no último dia do Pianístico, 6 de dezembro às 17h.
Já o encerramento do festival traz, novamente, a riqueza do piano brasileiro, nas mãos de Cristovão Bastos, domingo, 6, às 19h30. Respeitado e admirado no cenário musical, este carioca nascido no bairro de Marechal Hermes, na cidade do Rio de Janeiro, completa 74 anos no dia da abertura do festival, com 50 de carreira. Cristovão foi um dos fundadores da célebre Banda Black Rio, é conhecido por parcerias com nomes como Chico Buarque (na canção “Todo o Sentimento”), Aldir Blanc e Paulinho da Viola. Versão da música que compôs com o poeta Abel Silva, chamada “Raio de Luz”, foi gravada em 1999 pela norte-americana Barbra Streisand.
Os pianistas Alon Goldstein (de Israrel), Armands Abols (da Letônia) e Adrian Iaies (da Argentina) participam do festival com espetáculos exclusivos, ao vivo de Salt Lake City (EUA), de Santiago do Chile e de Buenos Aires. “A realização do Pianístico é uma afirmação da importância da cultura nas nossas vidas”, pondera Carlos Branco, presidente da Comissão Central Organizadora e curador artístico. A produtora cultural Albertina Tuma, coordenadora geral, convida o público para prestigiar os concertos e espetáculos, on-line e em drive-in: “A música servirá como acalento. E tem o poder de transformar vidas, trazendo um pouco de esperança neste momento que vivemos”.
QUEM É QUEM
Conheça os músicos que estarão no Pianístico 2020
Amilton Godoy – o pianista apresenta um trabalho em homenagem ao histórico grupo Zimbo Trio, do qual foi fundador, e à “nata” da MPB. O Zimbo Trio nasceu nos anos 1960, no auge da Bossa Nova, e gravou mais de 50 discos fazendo música instrumental brasileira, sozinhos ou com a participação de cantoras como Elis Regina e Elizeth Cardoso. “Tributo ao Zimbo Trio” relembra músicas emblemáticas, como o primeiro arranjo do Zimbo feito para “Garota de Ipanema”, além de trazer uma homenagem personalizada em “pot-pourri” para Milton Nascimento e sua revolução harmônica. A intenção principal de Amilton é enaltecer a obra do Zimbo Trio, por meio da regravação de algumas de suas melhores músicas. Ao seu lado, o baterista Edu Ribeiro e o contrabaixista Sidiel Vieia.
Mūza Rubackytė – depois de se diplomar no Tchaikovsky Conservatory de Moscow, a pianista nascida na Lituânia venceu o All Union Competition em São Petersburgo. Em Paris, conquistou o Concours international Les Grands Maîtres Français, da Triptyque Association, criada por Ravel, Dukas e Roussel. Na França, foi convidada para o prestigiosos festivais e salas de concerto, como Champs Elysées, Unesco, Opéra Bastille e Capitole-Toulouse. Apaixonada por Lizst, foi uma das primeiras pianistas a tocar o conjunto de três suítes Years of Pilgrimage inteiras em três concertos no mesmo dia. Frequentemente convidada para os principais palcos pelo mundo, em centros como Londres, Santiago do Chile, Buenos Aires, Genebra, Amsterdam e Moscou. Em 2012, tocou o concerto para piano e orquestra Resurrection, de K. Penderecki, homenagem às vítimas do 11 de Setembro de 2001, em Porto Rico. Regularmente convidada para o júri de importantes competições internacionais. Sua discografia tem mais de 30 títulos. Em 2019, dois novos discos com gravações para piano e orquestra de Bartok, Liszt e Schubert/Liszt e um álbum com o quarteto de cordas Mettis, em homenagem a Shostakovich e Weinberg.
Cristovão Bastos – estudou teoria musical e acordeom desde cedo, formando-se aos 13 anos, quando iniciou a carreira, tocando em bailes. Parceiro de nomes como Chico Buarque – com quem compôs “Todo o Sentimento” e “Tua Cantiga” –, Aldir Blanc (“Resposta ao Tempo”) e Paulinho da Viola. Criou e assinou arranjos para discos e shows de Nana Caymmi, Elza Soares, Gal Costa, Nelson Gonçalves, Paulinho da Viola, Ângela Maria, e Chico Buarque. Intérpretes como Simone, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Elizeth Cardoso e a americana Barbra Streisand gravaram suas composições. Também compôs trilhas para cinema. Foi contemplado, como arranjador, com o Prêmio Sharp, em várias categorias e por diferentes trabalhos.
Adrian Iaies & El Colegiales Trio – pianista, compositor, arranjador e produtor, Iaies gravou diversos discos em sua intensa carreira e obteve três indicações para os Prêmios Grammy. Foi diretor artístico do Festival de Jazz Internacional de Buenos Aires. Seu novo projeto se chama El Colegiales Trio, ao lado do argentino Facundo Guevara (percussão) e da colombiana Diana Arias (contrabaixo). O trio apresenta “La Paciencia está en Nuestros Corazones”, disco gravado após uma turnê pela África do Sul. Trata-se da música original de Iaies, mantendo sua essência jazzística, a que se soma o caráter local da personalidade de Guevera e a pulsação latina forjada por Arias em anos tocando salsa e música caribenha. O pianista realizou mais de 250 concertos fora da Argentina, em centros como Barcelona (Espanha) e Vancouver (Canadá). Já dividiu o palco com nomes como Ron Carter, Stanley Jordan, Bebo Valdés, Richard Bona e Toots Thielemans.
Alberto Andrés Heller – compositor, pianista e pesquisador. Nascido em Buenos Aires, emigrou para o Brasil aos 2 anos de idade e naturalizou-se brasileiro em 1989. É graduado e pós-graduado como pianista concertista pela Escola Superior de Música Franz Liszt, em Weimar, Alemanha, mestre em Educação e doutor em Literatura. Já tocou em países como Itália, Suíça, Áustria, Holanda, China, Japão, Argentina e Uruguai, em apresentações solo, música de câmara e junto a diversas orquestras. Seu repertório se estende do período Barroco até a música contemporânea, mas o maior foco tem sido a música do período Clássico: Haydn, Mozart (integral das sonatas), Beethoven e Schubert, bem como a interpretação de suas próprias composições e improvisações. Exerce intenso trabalho como arranjador, especialmente junto à Camerata Florianópolis, com quem tem parceria desde 2000.
Armands Abols (foto) – com atuações na Europa, América do Sul, Canadá e Estados Unidos, o pianista, nascido na Letônia e morando no Chile, já se apresentou em importantes palcos, como Weill Hall e Carnegie Hall, tendo atuado também com orquestras como Royal Philharmonic Orchestra, Gulbenkian Chamber Orchestra, e Chile Philharmonic Orchestra. Professor do Conservatório de Música da Universidade Austral, do Chile. Gravou a The Chilean Piano Music Anthology, nas comemorações de 200 anos do Chile, com alguns dos principais compositores chilenos. Chamou atenção da cena musical internacional muito cedo ao vencer o Grand Prix Gold Medal, no Maria Canals International Piano Competition, em Barcelona, como solista da Barcelona Symphony Orchestra, em 1992.
Alon Goldstein – fez sua estreia com orquestra aos 18 anos, com a Filarmônica de Israel, sob a direção de Zubin Mehta, e retornou por várias vezes com o maestro Herbert Blomstedt, interpretando o Concerto Nº 1, de Beethoven. Nas recentes temporadas, atuou com a Filarmônica de Los Angeles, Orquestra Philadelphia e as sinfônicas de San Francisco, Baltimore, St. Louis, Houston, Vancouver, Kansas City, Indianópolis e Carolina do Norte, além de orquestras na França, Rússia, Romênia e Bulgária. Também mantém uma presença constante em gravações pelo selo Naxos, incluindo concertos para piano de Mozart. Apaixonado por educação musical, atuou como professor no Steans Institute of the Ravinia Festival, no Gilmore International Keyboard Festival e no “Tel Hai” International Piano Masterclasses em Israel. Venceu inúmeras competições, como Arianne Katcz Piano Competition em Tel Aviv, Nena Wideman Competition nos Estados Unidos, e o Francois Shapira Competition, em Israel.
Fernando Leitzke – pianista, compositor e arranjador, é natural de Pelotas (RS). Há 10 anos no Rio de Janeiro, teve, como professores, pianistas como Cristovão Bastos e Leandro Braga. Em sua bagagem, a vivência com ritmos do Rio Grande do Sul, onde participou de festivais nativistas, da Argentina e do Uruguai. No Rio de Janeiro, fez shows ao lado de Ronaldo do Bandolim, Yamandu Costa, Eduardo Neves, Aurea Martins, entre outros. Participou do disco “Noel Rosa em Preto e Branco”, da cantora Valéria Lobão, ao lado de pianistas como Itamar Assiere, João Donato e Cristovão Bastos. Dirige o grupo Candombaile Carioca, com foco na música latino-americana, ao lado de Eduardo Neves, Guto Wirtti e Aquiles Moraes. Professor de piano na Escola Portátil de Música (EPM). Em fevereiro de 2020, fez uma série de concertos em Nova York, ao lado do cantor Gabriel Cavalcante e do violonista João Camarero.
Jeff Gardner – nasceu em Nova York e vive no Brasil desde 1980. Tem se apresentado com estrelas do jazz, como Kenny Wheeler, Eddie Harris, Steve Lacy, Freddie Hubbard, e artistas brasileiros como Mauricio Einhorn, Arismar do Espírito Santo, Helio Delmiro, Leny Andrade, Dori Caymmi. Tem 18 CDs gravados. Ex-professor na New York University, Autor de cinco livros didáticos e mais cinco livros lançados por conta própria, incluindo “Jazz Lines”, série de estudos melódicos sobre standards de jazz. Seu trio, com baixo e bateria, apresenta o espetáculo “Abraços”, homenagem aos grandes nomes da música instrumental brasileira em ritmo de samba, bossa, baião, candomblé e chorinho.
Olívia Tebaldi – começou a estudar piano aos 4 anos, em 2015, em Vitória (ES). Desde então, já fez masterclasses com renomados pianistas, como Linda Bustani e Cristian Budu. Aos 6 anos, iniciou sua participação em concursos nacionais de piano, nos quais obteve a primeira colocação. Também foi laureada com o prêmio máximo em alguns concursos internacionais, na Colômbia, na Ucrânia, na Grécia e na Indonésia, além de classificações em outras competições, nos Estados Unidos, Portugal e Finlândia.
Luciano Leães – a turnê do seu primeiro disco, “The Power of Love”, alcançou mais de 100 shows no Brasil e no exterior. Somente nos Estados Unidos, foram cinco turnês. Com mais de 20 anos de carreira Leães é o criador e curador do projeto Clube do Blues, responsável por reinserir Porto Alegre na rota dos shows de blues internacionais. Em 2019, fez mais uma turnê por Nova Orleans. Em parceria com músicos espalhados pelo Brasil e pelo mundo, iniciou neste ano as gravações do seu segundo disco por meio do financiamento coletivo “Vida de Pianista”, www.catarse.me/lucianoleas. Foi agraciado duas vezes pelo Prêmio Açorianos de Música como melhor instrumentista.
Carla Reis – natural de Varginha (MG), graduou-se em piano pela Escola de Música da UFMG e obteve o título de Mestre na UFRJ. É professora de piano desde os 15 anos. Aperfeiçoou-se também na Alemanha e em Portugal, apresentando tese sobre a formação pianística a partir de uma perspectiva sociológica. Desde 2006, integra o corpo docente do Departamento de Música da Universidade Federal de São João del Rei (Minas Gerais), atuando nos cursos de graduação e pós-graduação. Além da atividade docente, apresenta-se com regularidade como solista e camerista. É idealizadora e coordenadora do Programa de Extensão “Piano.Pérolas”, que visa à formação de professores de piano.