Doações são essenciais para manter projetos culturais em música, dança e cidadania
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16/01/2021Amcle Lima
Vivemos, hoje, entre a cruz de uma doença mortal e misteriosa e a espada da insanidade mental causada pelo isolamento. Sim, o momento atual é dos mais dramáticos. Apesar de tudo, precisamos de algum bom-humor para ir em frente. Pois então: o curta “Os Antissociais”, que trata de uma forma divertida, sobre o impasse de dois jovens entre ir ou não a uma festa da faculdade, acaba de receber o selo de “projeto financiado” do portal Catarse. O tema e o projeto do filme são anteriores à crise da Covid-19. Foi devido aos impactos sofridos pela classe artística neste ano e “numa atitude de resistência” que a equipe decidiu lançar este financiamento coletivo, informa a página de “Os Antissociais” no Catarse.
A equipe estimou o custo de produção em exatos R$ 12.563, e, para chegar a esse número, os profissionais envolvidos aceitaram trabalhar com cachês reduzidos. Empenhados na empreitada estão nomes conhecidos do audiovisual joinvilense, como os atores Samuel Kühn e Vinícius Ferreira, que estão no elenco, e o produtor de vídeos Fabrício Porto, que fará a captação de imagens. A campanha era flexível e arrecadou R$ 13.298. O excedente será doado à obra de ampliação da biblioteca da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Itinga – Amorabi, conforme anunciado no início da campanha.
O curta é baseado em crônica de mesmo nome do escritor catarinense J. L. Messina, pseudônimo de Juliano Martinz. Você encontra a crônica “Os Antissociais” e outros textos do autor no site Corrosiva. O filme é uma coprodução da Alfazema Audiovisual e Madrigal Filmes, mesma dupla que foi responsável pela recente campanha “Apoie os artistas locais”, sobre a valorização da arte produzida em Joinville e região.
Fotógrafo premiado e com 14 videoclipes no currículo, Gabriel Silva fará em “Os Antissociais” seu primeiro filme de ficção. Francisca conversou com o diretor sobre o curta e a campanha de financiamento. Confira.
Quando começam as filmagens é para quando imagina lancar o filme?
O curta já está em pré-produção desde novembro e as filmagens serão feitas em janeiro. Conforme os prazos da plataforma, os apoiadores terão acesso ao filme em primeira mão, em março do próximo ano, porém esse acesso é realmente exclusivo para os apoiadores do projeto. Durante o ano de 2021, queremos colocá-lo em alguns festivais Brasil afora. O lançamento oficial ainda não tem data prevista, mas creio que será entre novembro do ano que vem e fevereiro de 2022.
Como foi a campanha do financiamento e a resposta dos apoiadores?
O financiamento coletivo nunca é fácil. É um trabalho diário de divulgação, para fazer o projeto chegar até as pessoas que se identificam com o que você está apresentando. Mas já sabíamos disso. Então estudamos a plataforma e os casos de sucesso para ter uma base melhor do que fazer para bater a meta. E a resposta do público foi ótima. Tivemos uma mobilização muito boa quando o prazo estava acabando e não havíamos anda alcançado o montante. Mas conseguimos! Tivemos todo tipo de aportes, apesar de ser um momento complicado financeiramente para tudo mundo.
No Catarse consta que você já apoiou 11 projetos. Você acredita no financiamento coletivo como impulsionador cultural?
Sim, acredito muito. O financiamento coletivo é uma ótima solução para tirar uma ideia do papel e envolver o seu público desde a concepção. Vários projetos que apoiei eu apoiaria depois que eles tivessem finalizado. E por plataforma de financiamento é ainda mais legal saber que o seu apoio contribui para tirá-los do papel.
A crônica é a ideia do curta são anteriores a pandemia. Como você vê essa história nos tempos que vivemos?
Isso foi algo que conversamos bastante antes de lançar o financiamento coletivo. A crônica tem alguns anos. Lançar o filme num período como o que vivemos é até estranho, por se tratar de dois jovens que tem a liberdade para fazer o que querem e ainda assim hesitam em sair de casa. Então a gente resolveu ambientar pela direção de arte, para mostrar visualmente essa questão do tempo. Conversando com o elenco e trabalhando na criação dos personagens, nós adentramos em temas mais complicados também, como depressão, síndrome do pânico, ansiedade, bullying. Enfim, assuntos muito sérios que podem estar nas entrelinhas de um filme bem-humorado.