Saúde: um alerta para os tumores ginecológicos

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Felipe Leonardo Estati, oncologista, integrante do corpo clínico do OncoCenter Dona Helena, serviço de oncologia do Hospital Dona Helena, em Joinville

“Setembro em Flor”, é o mês dedicado à campanha de divulgação e alerta para os tumores ginecológicos, com ênfase aos tumores de colo de útero, vagina, vulva, endométrio e ovário. Juntos, tais tumores representam quase 40% das causas de câncer em mulheres.

O câncer de colo uterino figura como primeiro ginecológico e o terceiro, no geral, em incidência no país, responsável por 300 mil mortes ao ano em âmbito mundial. Merece destaque o fato de estar associado ao vírus do HPV na totalidade dos casos, sendo um tumor com ótimas chance de prevenção por meio do acompanhamento regular com ginecologista, e também com a vacinação do HPV (disponível em rede pública para meninos de 11 a 14, meninas de 9 a 14 anos e, mais recentemente, imunossuprimidos de 9 a 45 anos), e também em rede particular sem restrição de idade.

A vacina também previne contra outros tumores ginecológicos um pouco menos frequentes: de vagina, vulva, entre outros como orofaringe, pênis e ânus. Países como a Austrália, que realizaram a vacinação em massa, principalmente em idades antes do início da vida sexual, estão praticamente eliminando o câncer de colo de útero, enquanto nações em desenvolvimento ainda registram números crescentes de casos e mortes devido às dificuldades de acesso.

O câncer de endométrio é o segundo ginecológico em prevalência. Está associado ao envelhecimento, mas causas preveníveis como diabetes, hipertensão e obesidade também se vinculam à doença. Mulheres com mais tempo de menstruação ao longo da vida e as que nunca tiveram filhos também têm aumento de risco

Esse tumor também pode ter participação genética em 20% dos casos, mais comumente em pacientes com síndrome de Lynch. O principal sintoma que merece atenção é sangramento uterino anormal (maior volume ou maior tempo), ainda mais de risco quando na pós-menopausa.

O câncer de ovário é o menos frequente entre os três principais, porém o de comportamento mais agressivo. Também pode estar associado a alterações genéticas em cerca de 20 % dos casos, principalmente mutações envolvendo o gene BRCA. Atividade física e dieta equilibrada são hábitos protetivos, assim como no caso de câncer endometrial. A doença costuma ter uma apresentação mais silenciosa, com dificuldade de os sintomas serem percebidos pela paciente: distensão e ou inchaço abdominal, desconforto depois das refeições e dores infraumbilicais podem fazer parte do quadro. Sintomas novos e distintos não podem passar batidos e merecem avaliação junto ao médico especialista. Infelizmente, 75% dos casos já se apresentam com doenças mais avançadas, sendo o câncer ginecológico de maior letalidade. Todavia temos vitórias recentes contra esse câncer em termos de possibilidades, com aprovação de órgão regulador de droga oral para uso após cirurgia e quimioterapia, tanto em cenário inicial como em recorrência, sendo mais um forte aliado no combate à doença.

O conhecimento molecular desses tumores e o surgimento de novas terapias têm melhorado significativamente os resultados do tratamento da doença avançada. Mas o intuito da campanha “Setembro em Flor” prioriza também chamar a atenção das mulheres para as alterações corporais, realizar os exames preventivos, fazer o acompanhamento regular com o médico ginecologista, buscar uma mudança de hábitos, como também divulgar a vacinacão e o compartilhamento de informações, a fim de melhorar a prevenção e garantir a detecção em estágios mais precoces.

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