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O novo espetáculo da Dionisos Teatro, “Limita-ações: as coisas que guardamos”, é um dos 25 vencedores do Prêmio Funarte-Festival de Teatro Virtual 2020. Montado pela companhia para ser exibido em vídeo na internet, no portal da Fundação Nacional de Artes (Funarte), ainda não tem data para estreia, mas deve estar on-line no primeiro semestre de 2021.
Para o edital da Funarte, lançado em agosto do ano passado, foram inscritos mais de 550 projetos de todo o Brasil. A Dionisos concorreu com mais de 100 propostas do Sul do país e foi uma das cinco premiadas dentre os inscritos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A peça foi criada a partir de figurinos e cenários de diversas montagens do grupo. Os objetos cenográficos da companhia estão guardados na garagem do diretor Silvestre Ferreira, local que também serve de cenário para as gravações.
O novo espetáculo discute as limitações de uma forma ampla, mas especialmente as causadas pela pandemia. Conforme o diretor Silvestre Ferreira, a peça é também sobre fazer escolhas, sobre o que guardamos e o que jogamos fora.
Ao longo do mês a Dionisos divulgou imagens dos ensaios no seu Instagram. Conversamos com a atriz Clarice Siewert e o diretor Silvestre Ferreira sobre o desafio de fazer teatro on-line.
Como vocês avaliam os limites entre audiovisual e teatro no projeto “Limita-ações: as coisas que guardamos”?
Clarice – A gente não pensa estar fazendo audiovisual. A gente está fazendo uma peça de teatro gravada. É um limiar muito interessante. Estamos pesquisando e tentando entender como que a coisa vai acontecer. Mas a gente está bem bem feliz de poder falar dessas coisas. Dentro do projeto, a gente recupera muito do que é a Dionisos e todos os processos que passamos. A gente trabalha nesse novo espetáculo com técnicas como “mémesis corpórea” [técnica de imitação de ações físicas e corporais do cotidiano], “site-specific theatre” [quando uma peça é montada para um local específico, como a garagem do diretor Silvestre Ferreira, nesse caso] e “viewpoints” [técnica de cruzamento entre dança e teatro para improvisação e criação em grupo].
Silvestre – Na verdade, o hibridismo já é uma coisa com a qual o teatro vem flertando há tempo. Nós mesmos já trabalhamos com imagem, com projeções, com tecnologia, pedais de looping, equipamentos de som, e a música também faz parte da linguagem da Dionisos. Entretanto, no teatro, mesmo quando transmitido ao vivo, existe uma certa diferença. É outra coisa que está se construindo a partir dessa pandemia, em relação a um teatro não presencial. O teatro de herança grega pressupõe uma tríade: um lugar, alguém que represente e alguém que intencionalmente também esteja ali para assistir. Então, o teatro é um jogo, é um combinado, é a arte do presencial. Com a pandemia vem uma outra coisa que é um caminho do meio, que nos coloca na posição de estarmos representando para um outro, mas mediado por uma câmera.