Educação sexual: informar é melhor do que proibir

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A ginecologista e mestre em Saúde Natacha Machado reflete, neste texto especial para a Revista Francisca, sobre o dever da família em falar abertamente com os filhos sobre sexualidade e responsabilidade.

Lançada em fevereiro com o lema “Adolescência primeiro, gravidez depois”, a campanha do governo federal que tem como objetivo retardar o início da vida sexual dos menores de 15 anos e defende a abstinência como uma das formas de evitar a gestação precoce dividiu opiniões.

Polêmicas à parte, a iniciativa dos Ministérios da Saúde e da Mulher, Direitos Humanos e Família nos permite uma importante reflexão: precisamos conversar mais e mais sobre sexualidade com nossos filhos.

Seja em casa ou nas escolas, a educação sexual é um assunto que deveria ser tratado de forma constante, com a mesma ênfase que campanhas abordam bullying ou drogas. Impor a abstinência certamente não contribui para que nossos adolescentes tomem decisões conscientes, mas informação clara, objetiva e sem subterfúgios sim.

De acordo com o estudo Saúde Brasil 2017, do Ministério da Saúde, 3,2 milhões de adolescentes foram mães no país entre 2011 e 2016 – 95% delas na faixa de 15 a 19 anos. Já as gestações de meninas entre 10 e 14 anos ultrapassaram 162 mil, cerca de 25 mil por ano. Os números preocupam e não será apenas defendendo a abstinência que vamos reverter essa realidade.

Nossos filhos merecem mais do que a proibição por si só. Como pais, sabemos que isso não funciona. A questão da sexualidade precoce no Brasil vai muito além da gravidez na adolescência. O avanço das doenças sexualmente transmissíveis e frequentes casos de abusos sexuais também são inadmissíveis e trazem reflexos sociais, econômicos, familiares, culturais e de educação que precisam ser resolvidos.

Sem dúvidas a campanha do governo federal pode ser a mola propulsora para fomentar a discussão, mas pais, especialistas e professores precisam cumprir seu papel na missão de educar, informar e formar adolescentes e jovens conscientes.

Somente falando abertamente com nossos filhos a respeito da sexualidade e das responsabilidades implícitas à decisão de iniciar a vida sexual é que poderemos reverter a realidade de que 56% das gestações no Brasil não são planejadas.

Como pais, educadores e profissionais da área de saúde, nossa arma mais eficiente é a informação, que precisa estar acessível no âmbito familiar, escolar e social, a qualquer momento, em qualquer hora, sempre que as dúvidas de crianças e adolescentes surgirem, despidas de tabus ou preconceitos.

Para os pais que não se sentem confortáveis para falar sobre o assunto, a dica é buscar a ajuda de educadores sexuais, psicólogos, pediatras, ginecologistas ou hebiatras (especialidade dedicada à adolescência). Livros e exemplos reais também são aliados na hora de conduzir a conversa e de ilustrar a mensagem que se pretende passar.

O que não podemos, definitivamente, é deixar nossos filhos sem acesso à informação. Fugir das perguntas não vai evitar a curiosidade. Outro erro é pensar que uma conversa franca sobre sexualidade vai induzir o início precoce da vida sexual. Pelo contrário.

Precisamos estar cientes de que, munindo nossas crianças, adolescentes e jovens com conteúdo de qualidade, daremos a eles as condições ideais para que possam tomar decisões conscientes e fazer escolhas responsáveis.

Eles merecem essa oportunidade!

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